Der Leone Have Sept Cabeças, Inédito!


Filmado em 1970, por Glauber Rocha, no Congo Brazzaville – África, Der Leone Have Sept Cabeças (O Leão de Sete Cabeças) foi exibido pouquíssimas vezes no Brasil. Após 40 anos, o filme é restaurado e, ao assisti-lo percebemos que sua atualidade é impressionante. Trabalhando com personagens arquetípicos, símbolos ligados a uma realidade cultural e política concreta, o cineasta traça um panorama do colonialismo no continente africano e dos possíveis caminhos para enfrenta-lo. Muitos dizem que o filme seria o elo perdido entre o primeiro momento da obra de Glauber (anos 60) e o segundo momento (anos 70-80) que culmina com o grande gerador de polêmicas A Idade da Terra (1979).

Graças à contribuição do Tempo Glauber, que nos cedeu uma cópia em DVD do filme restaurado (ainda não lançado comercialmente), o público do DF terá a chance de assistir a essa importantíssima obra de Glauber Rocha na melhor qualidade de imagem e som.

O filme será exibido no Memorial Darcy Ribeiro – UnB Campus Darcy Ribeiro hoje (23), às 20:40; e sexta-feira (26), às 18:40, e no Ponto de Cultura Avessa – Ceilândia sexta-feira (26), Às 18:40.


"É uma história geral do colonialismo euro-americano na África, uma epopéia africana, preocupada em pensar do ponto de vista do homem do Terceiro Mundo, por oposição aos filmes comerciais que tratam de safaris, ao tipo de concepção dos brancos em relação àquele continente. É uma teoria sobre a possibilidade de um cinema político. Escolhi a África porque me parece um continente com problemas semelhantes aos do Brasil." - Glauber Rocha

Lutar no território dos Sonhos


 "Em 'Eztetyka do Sonho', Glauber vai dar outro salto ao rejeitar a leitura sociológica da esquerda, que 'racionaliza' a miséria ao encaixá-la no teatro da luta de classes, como um 'mal necessário' do capitalismo, superada apenas com a supressão deste sistema. O que Glauber parece dizer é que nenhuma explicação histórica, sociológica, marxista ou capitalista, pode dar conta da complexidade e tragédia da experiência da pobreza, algo, para ele, da ordem do 'icognoscível', do 'impensado' e do 'intolerável'.

É esse "impensado'' que leva Glauber a uma nova visada, explicitada no seu segundo manifesto, "Eztetyka do Sonho'', escrito em 1971, seis anos depois do primeiro, e apresentado aos alunos da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Texto escrito depois da experiência de filmes como Terra em Transe, Câncer, O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerrreiro , além do projeto América Nuestra ( roteiro de 65/66) e do cinema feito depois da sua saída do Brasil, em 70: os filmes do exílio, O Leão de Sete Cabeças e Cabezas Cortadas,

A impotência e a perplexidade com os rumos políticos do Brasil pós-golpe de 64, a exacerbação da repressão política no país, na década de 70, a tragédia e opressão das ditaduras latino-americanas, o transe político e de consciências, a fragilidade de intelectuais, militantes, estudantes e artistas; o conformismo popular, levam Glauber a uma nova questão. Lutar não no campo da razão opressora, mas nos territórios da desrazão e do mito."

-Ivana Bentes (Professora de Cinema).

Trechos retirados do site www.tempoglauber.com.br

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