E Glauber permanece entre nós!


Após Semana Da Fome ao Sonho, estudantes da UnB, comunidade, e produtores independentes audiovisuais do Distrito Federal têm primeira reunião marcada para o próximo Sábado, dia 3 de Setembro, às 15h, na entrada da estação Ceilândia Norte. A reunião foi marcada pelo coletivo CeiCine e coletivo Rodamoinho para dar inicio a uma organização onde a idéia é formular sobre distribuição, cultura e política audiovisual, escrever em documento, e tambem produzir conteúdos. 
É um ponta pé para organização periférica. Participe.

Dia 3 de Setembro.
A partir das 15h.
Entrada da estação Ceilândia Norte.

Oficina no Ponto de Cultura



 Acontece, nos dias 25, 26 e 27 de Agosto, na Ceilândia, a oficina Câmera na Mão, como parceria entre Coletivo Rodamoinho e Ponto de Cultura Avessa, atividade da Semana Retrospectiva Glauber Rocha.

 O espaço prático pretende colaborar para a formação audiovisual dos envolvidos, contemplando aspectos técnicos e teóricos de Roteiro, Linguagem, Fotografia e Captação Sonora.

Fique ligada: na Quinta-feira(25), às 19h, oficina de fotografia e na Sexta-feira, às 19h30min, oficina de roteiro técnico acompanhado de linguagem cinematográfica. No Sábado, a oficina encaminha para as filmagens nas ruas da Ceilândia, a partir das 14h. Tudo isso no Ponto de Cultura Avessa. Participe!

Como chegar ao Ponto de Cultura Avessa? Acesse informações AQUI!

Der Leone Have Sept Cabeças, Inédito!


Filmado em 1970, por Glauber Rocha, no Congo Brazzaville – África, Der Leone Have Sept Cabeças (O Leão de Sete Cabeças) foi exibido pouquíssimas vezes no Brasil. Após 40 anos, o filme é restaurado e, ao assisti-lo percebemos que sua atualidade é impressionante. Trabalhando com personagens arquetípicos, símbolos ligados a uma realidade cultural e política concreta, o cineasta traça um panorama do colonialismo no continente africano e dos possíveis caminhos para enfrenta-lo. Muitos dizem que o filme seria o elo perdido entre o primeiro momento da obra de Glauber (anos 60) e o segundo momento (anos 70-80) que culmina com o grande gerador de polêmicas A Idade da Terra (1979).

Graças à contribuição do Tempo Glauber, que nos cedeu uma cópia em DVD do filme restaurado (ainda não lançado comercialmente), o público do DF terá a chance de assistir a essa importantíssima obra de Glauber Rocha na melhor qualidade de imagem e som.

O filme será exibido no Memorial Darcy Ribeiro – UnB Campus Darcy Ribeiro hoje (23), às 20:40; e sexta-feira (26), às 18:40, e no Ponto de Cultura Avessa – Ceilândia sexta-feira (26), Às 18:40.


"É uma história geral do colonialismo euro-americano na África, uma epopéia africana, preocupada em pensar do ponto de vista do homem do Terceiro Mundo, por oposição aos filmes comerciais que tratam de safaris, ao tipo de concepção dos brancos em relação àquele continente. É uma teoria sobre a possibilidade de um cinema político. Escolhi a África porque me parece um continente com problemas semelhantes aos do Brasil." - Glauber Rocha

Lutar no território dos Sonhos


 "Em 'Eztetyka do Sonho', Glauber vai dar outro salto ao rejeitar a leitura sociológica da esquerda, que 'racionaliza' a miséria ao encaixá-la no teatro da luta de classes, como um 'mal necessário' do capitalismo, superada apenas com a supressão deste sistema. O que Glauber parece dizer é que nenhuma explicação histórica, sociológica, marxista ou capitalista, pode dar conta da complexidade e tragédia da experiência da pobreza, algo, para ele, da ordem do 'icognoscível', do 'impensado' e do 'intolerável'.

É esse "impensado'' que leva Glauber a uma nova visada, explicitada no seu segundo manifesto, "Eztetyka do Sonho'', escrito em 1971, seis anos depois do primeiro, e apresentado aos alunos da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Texto escrito depois da experiência de filmes como Terra em Transe, Câncer, O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerrreiro , além do projeto América Nuestra ( roteiro de 65/66) e do cinema feito depois da sua saída do Brasil, em 70: os filmes do exílio, O Leão de Sete Cabeças e Cabezas Cortadas,

A impotência e a perplexidade com os rumos políticos do Brasil pós-golpe de 64, a exacerbação da repressão política no país, na década de 70, a tragédia e opressão das ditaduras latino-americanas, o transe político e de consciências, a fragilidade de intelectuais, militantes, estudantes e artistas; o conformismo popular, levam Glauber a uma nova questão. Lutar não no campo da razão opressora, mas nos territórios da desrazão e do mito."

-Ivana Bentes (Professora de Cinema).

Trechos retirados do site www.tempoglauber.com.br

Porque o filme Di (a festa de morte), por Glauber Rocha.

     Texto de Glauebr Rocha acerca do filme Di, que fez em homenagem a seu amigo Di Cavalcanti após a sua morte, e que está atualmetne proibido pela família do pintor. Ilustra muito bem o porquê de nossa festa de morte!
     Retirado do site www.tempoglauber.com.br


"A morte é um tema festivo pros mexicanos, e qualquer protestante essencialista como eu não a considera tragedya . . Em Terra em Transe o poeta Paulo Martins recitava que convivemos com a morte...etc... dentro dela a carne se devora - e o cangaceiro Corisco, em Deus e o Diabo na Terra do Sol, morre profetizando a ressurreição do sertão no mar que vira sertão que vira mar...

Matei muitos personagens? Eles morreram por conta própria, engendrados e sacrificados por suas próprias contradições: cada massacre dialético que enceno e monto se autodefine na síntese fílmica, e do expurgo sobram as metáforas vitais.

As armas de fogo, facas e lanças são os objetos mortais usados por meus personagens, mas a rainha Soledad bebe simbolicamente veneno no final de Cabeças Cortadas e os mercenários de O Leão de Sete Cabeças são enforcados. Em Câncer, Antônio Pitanga estrangula Hugo Carvana, assim como Carvana se suicida em Terra em Transe. Em Claro foi usado um canhão para matar um mercenário no Vietnam e dois personagens morrem afogados em Barravento, além das multidões incalculáveis massacradas por Sebastião, Corisco, Diaz, etc.

Filmar meu amigo Di morto é um ato de humor modernista-surrealista que se permite entre artistas renascentes: Fênix/Di nunca morreu. No caso o filme é uma celebração que liberta o morto de sua hipócrita-trágica condição. A Festa, o Quarup - a ressurreição que transcende a burocracia do cemitério. Por que enterrar as pessoas com lágrimas e flores comerciais? Meu filme, cujo título, dado por Alex Viany, é Di-Glauber, expõe duas fases do ritual: o velório no Museu de Arte Moderna e o sepultamento no Cemitério São João Batista. É assim que sepultamos nossos mortos.
Chocado pela tristeza de um ato que deveria ser festivo em todos os casos (e sobretudo no caso de um gênio popular como Emiliano di Cavalcanti) projetei o Ritual Alternativo; Meu Funeral Poético, como Di gostaria que fosse, lui. . . o símbolo da Vida...

No campo metafórico transpsicanalítico materializo a vitória de São Jorge sobre o Dragão. E, no caso de uma produção independente, por falta de tempo e dinheiro, e dada a urgência do trabalho, eu interpreto São Jorge (desdobrado em Joel Barcelos e Antônio Pitanga) e Di-O Dragão. Mas curiosamente Eu Sou Orfeu Negro (Pitanga) e Marina Montini, dublemente Eurídice (musa de Di), é a Morte. Meus flash-backs são meu espelho e o espelho ocupa a segunda parte do filme, inspirado pelo Reflexos do Baile, de Antônio Callado, e Mayra, de Darcy Ribeiro. Celebrando Di recupero o seu cadáver, e o filme, que não é didático, contribui para perpetuar a mensagem do Grande Pintor e do Grande Pajé Tupan Ará, Babaraúna Ponta-de-Lança Africano, Glória da Raça Brazyleira!

A descoberta poética do final do século será a materialização da Eternidade."

Di (Das) Mortes, GlauberRocha, texto mimeografado, distribuído na sessão do filme em 11 de março de 1977 na Cinemateca do MAM.

Confira a programação  a Festa de Morte de Glauber Rocha aqui:
http://www.dafomeaosonho.com.br/2011/08/se-nao-posso-dancar-nao-e-minha.html

"Se não posso dançar, não é minha revolução"

Sem Linguagem revolucionária não há FESTA revolucionária!

Para celebrar a vida e a história desse grande cineasta, faremos uma festa!

Sim, uma festa.


Uma festa da morte. A morte como o evento final que na sua própria negação da vida, a ela dá sentido.Uma comemoração pagã-afro-latina, um dia dos mortos mexicano.

Uma dança, um voo sobre o caixão do poeta alado. Uma grande homenagem festiva para o grande cineasta baiano.Uma celebração da vida na morte, como o belíssimo filme que o próprio realizou para seu amigo Di Cavalcanti.

Contaremos com a presença de SEU ESTRELO E FUÁ DO TERREIRO (22 h), MÁXIMO MANSUR e ARSENAL DO GUETO, DJ CAROÇO (Música Brasileira) e uma Baiana do Acarajé.

O Coletivo Rodamoinho, o Coletivo Palavra e o Projeto Curtas nos Bairros (Planaltina de Goiás) farão projeções durante toda a festa.




"Se não posso dançar, não é minha revolução" Emma Goldman

Paloma Rocha e Ana Maria Magalhães


Estão confirmadíssimas para a noite de hoje as presenças de Paloma Rocha e Ana Maria Magalhães, a partir das 18h30, no memorial Darcy Ribeiro/UnB.

Paloma Rocha é filha de Glauber Rocha, e atualmente é presidente do Tempo Glauber. Como cineasta realizou o projeto de restauração dos filmes de Glauber Rocha, “projeto coleção Glauber Rocha”, no qual trabalhou também com Pizzini, co-diretor.

Joel Pizzini também foi seu parceiro em Anabazys, filme que recria a memória e o método de produção de A Idade da Terra, do seu pai. Premiado em Brasília e com passagens em festivais internacionais, foi lançado em março de 2009, mês e ano em que Glauber Rocha completaria 70 anos de idade.

Em entrevista na época do lançamento, Paloma declarou: 

"Considero “Anabazys” uma experiência radical de reciclagem cinematográfica na medida em que editamos sobras de filmes esquecidos nos arquivos brasileiros, e recriamos com as imagens e voz de Glauber parte de nossa história política e cultural. A parceria com Pizzini foi fundamental para que eu mantivesse o distanciamento necessário para a releitura da última obra de meu pai, na qual participei como atriz e continuísta. Me libertei a cada fotograma recuperado" (Fonte: Portal Ibahia). 

Ana Maria Magalhães é atriz e diretora. Antes de começar a dirigir, montou filmes de curta-metragem e foi assistente de montagem de longas. Como diretora realizou filmes exibidos no Brasil e na Europa. Amiga de Glauber Rocha, atuou em seu último filme, A Idade da Terra.

        Como atriz, sua carreira começou aos 17 anos no cinema, no filme O Diabo Mora no Sangue, dirigido por Cecil Thiré, e em Garota de Ipanema, de Leon Hirszman, ambos de 1997.
Sua estreia como diretora foi em 1991, com Oswaldianas (1994)Em 2002, Ana Maria lançou o longa-metragem Lara, sobre a atriz Odete Lara. Em 2004, dirigiu Afonso Eduardo Reidy: saudades do futuro.